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Start-ups: nova forma de organização do trabalho

Trecho do artigo "Start-ups: novas formas de organização do trabalho"

Você trabalha para viver ou vive para trabalhar? Afinal, como definir o trabalho? Etmologicamente, a palavra “trabalho” teve seu significado alterado ao longo tempo, essas modificações podem indicar como foi a relação homem-trabalho. Com origiem no latim tripalium (tri= três e palium=madeira), trabalho era um instrumento de tortura usado por escravos e por isso também associado às atividades braçais realizadas pelos menos privilegiados. A partir do latim, o termo passou para o francês travailler, que significa sentir dor ou sofrer, logo, trabalhar significava realizar uma atividade sofrida. Agora, dando um salto para os dias atuais, de acordo com o dicionário Michaelis, trabalho significa “Conjunto de atividades produtivas ou intelectuais exercidas pelo homem para gerar uma utilidade e alcançar determinado fim.” Com uma definição muito mais genérica e agradável, no sentido etmológico, trabalhar deixou de ser sofrimento.

 

De fato, houve uma grande valorização do trabalho, já que além de ser uma necessidade para sobrevivência é também, um dever moral, que segundo OFFE, (1985) são dois mecanismos principais que garantem uma centralidade e permitem à sociologia clássica definir o trabalho como o fato social principal e possuir uma posição chave na teorização sociológica. Trabalhar tornou-se o meio para adquirir bens necessários para a sobrevivência e indo mais além, ele também virou a finalidade, ou seja, o próprio ser passou a ser definido pela profissão. Assim, a pessoa é aquilo que ela faz, como se respondesse a um chamado, uma vocação.

Assim, a forma como o trabalho é organizado também pode indicar como esses mecanismos funcionam. Por exemplo, durante o feudalismo o trabalho era totalmente integrado às demais esferas da vida como a família, o lar e a religião. Ainda nessa época, o resultado do esforço empregado nas tarefas era facilmente identificado pelo trabalhador, ou seja, ele conhecia o produto e sabia porque produzia. Com a Revolução Industrial, essa identificação foi perdendo sua nitidez devido, principalmente a forma de divisão do trabalho conhecido como taylorismo ou fordismo, que deixou as tarefas tão específicas e as relações tão hierarquizadas ao ponto do trabalhador não enxergar mais sua contribuição para o produto final.

 

A Revolução Industrial causou outros impactos na relação homem-trabalho, como a separação entre trabalho e família, houve uma ruptura entre as atividades realizadas no lar das realizadas na indústria, com consequente distinção entre tempo de trabalho e de lazer, isso caracteriza um fenômeno chamado “purificação do trabalho”. Outros temas passaram a ser reinvindicados, mostrando essa perca de centralidade, como os movimentos socias contra a guerra, proteção ao meio-ambiente, direitos humanos e civis, movimentos negros, feministas e LGBTs. Portanto, segundo Claus Offe, na medida em que, aparentemente, o trabalho foi perdendo sua importância para o desenvolvimento da personalidade, foi diminuída também sua centralidade para entender como funcionam as relações humanas.

Entretanto (MARTIN; AXEL, 2006) discordam porque para eles, ao deslocar a visão dos movimentos sociais para o indivíduo, é possível identificar que o potencial de transformação do trabalho está latente, porém desarticulado, portanto ainda é uma posição chave para a teorização sociológica. Mesmo com as variações de destaque que trabalho teve ao longo tempo, nunca deixou de fazer parte da vida do homem.

Assim, a relação homem-trabalho contém pressões que envolvem mercado e sociedade, ora o mercado influencia a sociedade, ora a sociedade influencia o mercado. Nesse sentido, analisando as características comportamentais dos trabalhadores e as formas de organização do trabalho, é possível verificar que ambas possuem uma relação direta, que é percebida principalmente pelo recrutamento e seleção das empresas.

Considerando as transformações no mercado, impactado com a globalização e novas tecnologias, um grande desafio é atender a necessidade de inovação rápida afim de garantir competitvidade. A alta velocidade das inovações requer novas formas de produção, que precisam ser mais flexíveis e personalizáveis, sem perderem porém a capacidade de produção em larga escala. Além disso, surgem novos produtos e serviços que não se adequam ao fordismo/taylorismo e requerem uma nova forma de gestão, uma nova organização do trabalho.

 

O empreendedorismo pode contar agora com uma forma de trabalho adaptada às suas necessidades, as start-ups.

 

Segundo (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2016) “apesar de as grandes empresas continuarem a influenciar a maneira como as pessoas veem o emprego e a carreira, as chamadas carreiras organizacionais deixaram de ser a opção predominante. E surge a forte tendência de que as carreiras sejam condicionadas a certos fatores, como, por exemplo, necessidades pessoais e familiares dos trabalhadores. Os indivíduos, então, são chamados à responsabilidade pela própria carreira e devem assumir sua evolução profissional.”

As organizações enfrentam dificuldades ao lidar com grupos heterogêneos, uma das diferenças é a idade, cada faixa etária gera comportamentos peculiares em relação à vida e ao trabalho, possibilitando uma classificação de profissionais ativos: geração baby boomers (nascidos entre as décadas de 1940 e 1960), geração X (nascidos entre 1960 e 1980), geração Y (nascidos entre 1980 e 1990) e geração Z (nascidos de 1995 em diante).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTIN, H.; AXEL, H. Paradoxes of capitalism. An International Journal of Critical and Democratic Theory, v. 13, n. 1, p. 40–58, 2006.

OFFE, C. Trabalho: a categoria sociológica chave? In: EDITORA BRASILIENSE S.A. (Ed.). . Capitalismo Desorganizado: Transformações comtemporâneas do trabalho e da política. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense S.A., 1985. p. 167–197.

VELOSO, E. F. R.; DUTRA, J. S.; NAKATA, L. E. Percepção sobre carreiras inteligentes: diferenças entre as gerações Y, X e baby boomers. REGE - Revista de Gestão, v. 23, n. 2, p. 88–98, 2016.

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